10 Anos de React: 10 Insights para empreender que eu adoraria ouvir no começo

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Para inaugurar esse blog, decidi contar mais detalhes sobre um post que fiz no Linkedin.

A principal diferença, é que aqui não tem limite de palavras. Então posso detalhar alguns pontos com mais clareza.

Já tô ficando um pouco velho nessa área de marketing. Não sou nenhum dinossauro da era de ouro da propaganda (e falo isso com todo respeito a eles), mas modéstia a parte, permanecer 10 anos no jogo do marketing digital e vendas não é para qualquer um.

Nem tudo aqui fala especificamente de marketing, mas certamente sobre gestão.

“Without futher ado”, aqui tem 10 pensamentos que comprimem este aprendizado:

1 – Ter paciência com o dinheiro

A imagem abaixo ilustra este insight. Em 2012 tínhamos 9 clientes, pagando menos de R$ 1.000,00 cada, por uma quantidade surreal de trabalho. Pelo menos eram clientes recorrentes.

Relação de Clientes da React em 2012

Ele pode demorar para vir. Especialmente no começo é dificil conseguir gerar receita para um novo negócio.

E se você não tem experiência, é preciso ter paciência e ficar alerta ao mesmo tempo: um olho na receita e outro olho nos custos.

Abri a empresa com sócios novos o mais velho tinha 23 anos na época, eu tinha 19 e o mais novo 18. Três crianças.

Naturalmente, tinhamos muita força de trabalho mas pouca experiência com o dinheiro. Levamos um tempo para aprender a apertar os parafusos para fazer a máquina girar.

Falando de maneira mais prática, o capital inicial da agência foi a bagatela de R$ 4.000,00, em 2011 (a poupança de um sócio). Levou pelo menos 4 anos para a agência fazer uma grana significante.

Esse tempo varia de acordo com a sorte (contexto + preparo + oportunidades) de cada um, mas em geral, não é saudável criar grandes expectativas para o próprio bolso no início do negócio.

Até porque, se ela vier, é bem provável que você verá necessidade de reinvestir para girar a roda, assim como eu fiz na React.

Hoje o que me gera de receita (pessoal) em um ano é maior que a soma dos 5 primeiros anos.

 

2 – Acreditar no aprendizado

Sou suspeito para falar de aprendizado, pois hoje a React é uma agência que atende exclusivamente Marketing Educacional.

E o próprio termo Inbound Marketing, (um tema que levanto a bandeira) , pode ser resumido em “educar” o seu público para ele ver valor ao seu negócio.

Mas aprendizado é imprescindível! Para mim o contrário daquela pessoa “que está sempre aprendendo” é aquela “que ficou presa no tempo e faz tudo do mesmo jeito”.

E ao contrário do dinheiro que evapora no começo, o saber só aumenta ao longo do prazo.

Testar, errar, e aprender é a parte mais gostosa da jornada do empreendedor.

E estar aberto ao aprendizado exige humildade e mentalidade de crescimento, mas isso fica para outro post.

Formatura de Publicidade e Jornalismo - Victor Hugo, Oséias Arnaldo, Lucas Motta e Pablo Sargento

3 – Honrar a World Wide Web

Se você não está familizariado com a história da internet, o “www” significa “World Wide Web”. Os três W fazem referência à ideia de conectar o mundo todo.

Hoje existem poucos limites. Para uma empresa de serviços digitais, há 3 fatores que a impedem de vender para o mundo todo:

  1. Idioma e Cultura: alguns países tem atributos muito específicos que dificultam a entrada de quem é de fora.
  2. Fuso Horário: apesar de não ser tão limitante, é preciso ter flexibilidade para fazer um trabalho para um fuso muito distante, como a Austrália.
  3. Esforço de vendas: esse é o principal. O Brasil é um país tão grande que a gente “não precisa” trabalhar para fora. Ainda mais em tempos em que o mercado está em alta. Vejo mais amigos reclamarem do dólar em alta do que amigos tentando obter contratos em dolar.

 

Porém, não precisamos ser tão radicais tentando já vender para fora, ainda mais se não nos sentirmos prontos.

Mas esse insight veio para levantar a bandeira da “desregionalização” (palavra nova). Durante um bom tempo me esforcei para ser o melhor da região. Porém, começamos a pegar contratos em Goiás, Acre, Pernambuco, Austrália, Portugual. E quanto mais longe atendíamos, mais claro ficou para que servia o World do WWW.

Abaixo temos o site da Fazenda Divisa, em Rondônia. Alguns ectares de viveiros de Peixes nos proporcionou um dos sites mais bonitos da agência. E nunca fomos lá. :)

tela inicial de um site feito em Rondônia, de um viveiro de peixes.

4 – Ser justo

Esse insight deveria ser desnecessário. Mas a perseguição de objetivos podem fazer algumas pessoas perderem o bom senso.

Mas aqui temos uma questão de equilibrio: com clientes, funcionários e fornecedores, e principalmente com seu consciente.

Uma vez tinha um contrato que estava indo mal, e ouvi o seguinte de um cliente:

Eu vejo que vocês falharam no projeto, mas isso não abala nossa relação, pois vejo que vocês se esforçam em fazer o correto. E é muito difícil achar gente por aqui que trabalha assim. 

Olha que surreal: para aquele cliente, os diferenciais que o cliente via no time eram transparência e força de vontade.

Imagina um Outdoor de uma empresa dizendo: “nosso diferencial é transparência e força de vontade”. Será que vende?

E sobre o time, vai por mim: valeu a pena permancer 10 anos contratando de forma correta (sem pejotizar ou ferir a ética). O resultado: completamos 10 anos sem nenhum processo trabalhista.

5 – Controlar o seu Caixa

A maioria dos empreendedores de primeira viagem misturam as contas pessoais com as contas da empresa, e não tem um controle de custos básicos.

Eu sei como isso é: durante alguns períodos, nós simplesmente evitamos olhar para a conta bancária. Às vezes para evitar preocupações. Em outros momentos, para manter o foco nas entregas (olhar a conta com dinheiro já nos faz pensar em como vamos usar essa grana não é? Comprar máquinas novas? Retirada de lucro…)

O ideal é dolorido, mas traz recompensas: ter listado e categorizado receitas, custos fixos e custos variáveis. A recompensa? Ter rapidez na tomada de decisão, quando uma alteração na composição de custos for necessária.

E olha que estamos falando somente de dinheiro. Há um recurso ainda mais valioso, que é o tempo. É nele que temos mais desperdícios.

6 – Conhecer a concorrência

Hoje existem comunidades, e alguns esforços em compartilhar experiências (como este post).

Mas nem sempre foi assim. Em 2010, 2011, era bem mais difícil conversar com um dono de outra agência.

O mercado é difícil, a barreira de entrada é baixa. Mas hoje sinto na pele que faz todo sentido conhecer, e respeitar a concorrência.

Podem acontecer coisas aparentemente anormais, como:

  • Você ligar para a agência que atendia um cliente no passado, para saber se é furada;
  • Um concorrente te consultar sobre um ex-funcionário que enviou um currículo, para saber se é uma pessoa confiável;
  • Você atender um cliente em comum com outra agência, com serviços que se complementam.
  • Você ajudar seu concorrente usar uma nova ferramenta.
  • Vocês saberem o faturamento um do outro, para criar uma competição saudável.
  • Seu concorrente te consultar para saber como você faz as retiradas de lucro.
  • Seu concorrente te recomendar uma boa contabilidade.
  • Receber seu concorrente na sua casa pra avaliar uma fusão.

 

Te garanto: todos esses são exemplos reais que já aconteceram comigo.

Extra: neste esforço podem vir grandes amizades, pois dores comuns conectam as pessoas mais do que situações normais.

 

7 – Trabalhar no que faz sentido

Nossa cultura tem um sério problema com o conceito de trabalho.

Os baby boomers seguiram a sequência: estudaram, trabalharam duro para ser alguém na vida, se aposentaram. As gerações mais recentes “recebeu” este modelo, as 8 horas de trabalho e tudo mais. E a má interpretação disso pode gerar algumas anomalias.

1 – Nunca o mercado de trabalho teve tantas pessoas insatisfeitas.

2 – Temos a tendência de nos esforçarmos muito e perguntarmos pouco, pois:

Trabalhar muito nem sempre é trabalhar de forma eficaz.

Principalmente quando falamos de empreendedores. É “chique” falar que está na correria. Que está sem tempo.

Mas estamos mesmo entregando valor? Estamos mesmo fazendo o necessário?

Por mais amplo que seja o significado da palavra sucesso, posso afirmar (por experiência propria) é que trabalhar duro e ter sucesso não são necessariamente sinônimos.

Existe uma diferença cruel entre esforço e resultado.

8 – Se especializar em um Nicho

Palestra da React em Marketing Educacional, materializando a especialização em um determinado segmento.

Esse é um problema crítico de agências. A maioria vende de tudo, faz um pouco de tudo, mas não é extremamente boa em nada. Como resultado?

Meu amigo, Julio Cesar, sempre citava o dilema do Pato. Serve tanto para agências quanto para profissionais.

O pato nada, canta e voa. Mas não faz nenhum dos 3 direito. 

Que tipo de agência ou profissional você quer ser? Em um mercado que está em expansão, as margens tendem a diminuir. E ai você pode se especializar tanto em setor de mercado (ex: arquiteto especializado em lojas de moda, agência de marketing educacional, consultor de empresas de impacto) ou em serviços

Exemplos de nichar em mercado:

  • Arquiteto para lojas de moda;
  • Agência de marketing educacional;
  • Sonorização de eventos corporativos;
  • Advogado trabalhista;

Exemplos de nichar em serviço:

  • Especialista em tráfego pago;
  • Estudio de Criação de Sites;
  • Agência de live marketing;

 

Nichar ou não é uma escolha. Mas o fato é que com a evolução do mercado, o caminho mais seguro é definir um posicionamento claro e levantar uma bandeira no que você realmente é bom, porque falar que é bom em tudo simplesmente não cola mais.

9 – Explorar o Trabalho Remoto

Durante um bom tempo a agência mesclou o trabalho em casa com a presença no escritório. Funcionava assim:

Quando a pessoa estava com uma tarefa que requisitava mais atenção, ela avisava e trabalhava de casa, se essa estratégia realmente entregasse mais foco. E quando precisávamos nos reunir para falar de um projeto, dar um start ou atualizar nossos planos trimestrais, nos reuníamos pessoalmente.

Tinha funcionários que faziam home office 3 vezes na semana. Antes de “instituirmos controle”, houveram vezes em que o escritório ficava comigo outro colega.

Já este colega (Mateus Senne) enfrentava duas horas de trânsito todos os dias para trabalhar no escritório, porque entendia que focava melhor no ambiente de trabalho.

Hoje vejo que de uma maneira amadora, praticávamos uma tendência no mercado, que vai além do Home Office: o “Work-From-Anywhere” . Tem um ótimo podcast da Harvad Business Review que fala sobre isso em um episódio.

 

10 – Ter Coragem para fazer o que Ama

E por último, e mais importante, é sem dúvida coragem de fazer o que ama.

E isso tem a ver com o Golden Circle, do Simon Sinek. Não interessa “o quê” você faz, nem o “como”, se os seu “Porquê” não está bem definido.

Em 2018 estávamos com um portfolio bem confuso. Então, depois de alguns brainstormings, entendi que o meu propósito tem a ver com educação e aprendizado. Para a React ter uma razão de existência mais forte, o melhor caminho possível era usar nosso poder de marketing para beneficiar empresas que promovem o aprendizado.

Time da React em 2020

Fazer o que ama é o que dá o gás para continuar. Qualquer projeto, coisa, tarefa ou meta que não bata com o “Porquê” é perda de tempo.

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